Aline Ramos, o “navio-fantasma” encalhado nas praias maranhenses

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Navios e Portos
As praias maranhenses recebem turistas do Brasil e do mundo todo por diversos motivos. A beleza de suas águas e de suas costas, o clima que faz jus a tropicalidade nordestina, o comércio local inserido na cultura maranhense. Entre outros motivos está um incomum: um enorme navio encalhado na Barra do Tutoia.

Tutoia é uma cidade de pouco menos de 60 mil habitantes e fica “no noroeste do Nordeste”. Já o Aline Ramos é um navio transgênero e que mudou de casa algumas vezes. Como assim? Eu explico. Em 16 de agosto de 1963, a embarcação foi lançada com o nome de Barão do Amazonas (em homenagem ao título do militar Francisco Manuel Barroso da Silva), sendo seu armador de Itajaí, Santa Catarina, pra ter sua ter construção concluída em dezembro daquele ano em Niterói, RJ. Foi vendido para a catarinense Navegação Antônio Ramos S.A em 1972 e mudou de nome para Jacy Ramos. O nome Jacy é comum tanto ao sexo masculino, como ao feminino. Mas em 1978, o navio passou a se chamar Aline Ramos.

No sul da Praia da Barra de Tutoia, a poderosa Aline encontrou o triste fim. Em 16 de novembro de 1981, por volta das 19 horas e 40 minutos (de acordo com o Processo nº 11.069 do Tribunal Marítimo), o navio encalhou nas areias da praia maranhense, precisamente na ponta da Ilha do Caju, perto da entrada da barra do Carrapato

Na sua última viagem, o navio cargueiro transportava sal natural para a empresa do ramo, Igoronhon (hoje falida, antes sediada na cidade vizinha Água Doce do Maranhão). Ninguém sabe o motivo exato pro navio ter encalhado. O imediato do navio, Nelson Ferreira Tenório, culpou em um depoimento o radar pifado, o que fez o navio navegar apenas com a agulha magnética e de sonda. Já a defesa do comandante do navio Ruy Edi Ribeiro Gomes culpa a correnteza e os fortes ventos. Estranho o fato de que há evidências que as condições de navegabilidade eram boas e o navio navegava a apenas 18 km por hora. Fora que o comandante, muito experiente, conhecia bem o porto, o que complica uma das versões de que a tripulação errou a rota de entrada da boca da barra oceânica.

Naquele momento que Aline encalhou, a tripulação incluía 17 pessoas: dois condutores motoristas, dois moços de convés, dois marinheiros de convés, um taifeiro, um moço-de-máquina, o radiotelegrafista, o eletricista, o chefe de máquinas, o segundo maquinista, um mestre de pequena cabotagem, um carvoeiro, o imediato (Tenório), um segundo piloto e o comandante, capitão-de-cabotagem (Gomes).

O colosso encalhado, obviamente, virou atração turística. A companhia responsável puxou o navio para uma das praias mais próximas do litoral. Na imagem acima, podemos ver seu tamanho diante dos banhistas e toda sua majestosidade. Está e esteve na memória de muita gente, talvez seja esse o motivo de jamais ter sido retirado do local.

Hoje, Aline não é a mesma. A idade chega para todos. Aline está corroída, “carcomida”, enferrujada e esquelética. O sal fez mal a ela. Uma múmia. Pequenos seres vivos encontraram seu lar na Aline. A vida se faz presente depois da morte.    

Aline Barros hoje.
Créditos
: Pousada Delta das Américas (MA), 2018

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